​Relações Públicas Globais, uma reflexão e a emergência de nosso movimento como líderes

Vive-se uma governança global e, nesse contexto, Relações Públicas pode ampliar suas pesquisas e ações acadêmicas e profissionais relacionadas ao que se pode compreender como uma nova área de estudos Global Public Relations (GPR) (Molleda, 2009; Sriramesh and Vercic, 2009). As organizações vivenciam virtual ou fisicamente interações com diferentes públicos para além do seu país de origem, a fim de construírem dinâmicas de relacionamento com suas audiências. Os estudos desenvolvidos pela Arthur W. Page Society (2007) sugerem que organizações e instituições estão enfrentando um paradigma que tem a convergência de três forças: a realidade da globalização e do empoderamento de novos stakeholders, a emergência de uma revolução das redes digitais e as mudanças no contexto dos negócios e da sociedade.

Esse relatório indica que os gestores de comunicação definam os valores da organização, desenvolvam redes de relacionamento e alterem realidades em um mundo de transparência radical. Torna-se prioritário nesse direcionamento que o ensino das Relações Públicas amplie a análise da cultura e da identidade organizacional, assim como da imagem e da reputação, vislumbrando tornar as organizações elementos de valor ativo no mundo globalizado. (Consultar Coleção Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional http://www.uel.br/grupo-estudo/gefacescom/ )

A relação entre organizações e comunicação é defendida por Stohl (2005), uma vez que as ações organizacionais, desenvolvidas por pequenos ou grandes grupos de indivíduos, acabam por influenciar a trajetória da globalização. Esse mundo contemporâneo nos leva naturalmente a refletir sobre os processos e a aprendermos continuamente, o que significa compreender as audiências como aquelas que encontram sentidos naquilo que desenvolvem nos diferentes ambientes. Somos sujeitos cada vez mais exigentes, o que requer das organizações interações autênticas. Isso significa, para as organizações, estimular relações de confiança com suas audiências. Dessa forma, percebe-se que instigar redes de interações entre diversos níveis e dimensões na sociedade contribui significativamente para a contínua reconstrução da vida dos sujeitos, o que conduz a modificações dos padrões imersos na sociedade global.

Para tal, Global Public Relations (GPR), ao considerar globalização como processo dinâmico e interdependente, pode vir a transformar a sociedade pautando-se em relacionamentos envolvendo as diferenças interculturais, nas quais o local e o global emergem e se fortalecem, criando e estimulando novas formas de aproximação, valorizadas pelas audiências que encontram sentido em suas manifestações. Essas dinâmicas sugestionam mudanças reflexivas nas identidades das pessoas e dos grupos, movendo as preocupações de uma base local para uma mais universal, não perdendo sua identidade, o que implica na mudança dos discursos e no constante reexame das práticas sociais à luz de novas informações e relacionamentos (Stohl, 2005).

As organizações e a comunicação estão ligadas dentro de contextos comunicativos capazes de modificar suas vidas através das práticas, recursos, restrições e condições da ação social (Schoeneborn et al., 2014). Assim, o ensino das Relações Públicas deve ser direcionado para o conhecimento dessa realidade global, na qual o valor dos relacionamentos estará emergindo como preocupação estratégica e de construção de cultura e identidade dos negócios, para que o processo de formação de imagem e de reputação, com suas inúmeras interações, seja uma consequência natural e de relevância nesse mercado. Educadores e profissionais do mercado devem ter proximidade para que ocorram trocas e aprimorem o nível de conhecimento e apresentem inovações. O desenvolvimento de um corpo de conhecimento global pode se pautar nos resultados das discussões que se encontram no documento da Comissão de Ensino das Relações Públicas (2015)*, que inspiram novos agires.

As pesquisas mostram a necessidade de se ampliar o olhar para a atuação dos executivos de comunicação que transformam as organizações em espaços de interações com suas audiências, sendo os relacionamentos autênticos sua essência. Assim, exige-se desses líderes papéis significativamente diferentes e desafiadores nesse novo contexto global.

*Paulo Nassar é o único brasileiro a fazer parte dessa Comissão.

 

Marlene Marchiori
Fonte Portal Aberje

 

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